Qual a relação entre o Outubro rosa e a saúde do cérebro e da coluna vertebral?

Qual a relação entre o Outubro Rosa e a saúde do cérebro e da coluna vertebral?

Um movimento que começou tímido, hoje representa a maior bandeira de apoio a um tema de saúde, servindo de exemplo e incentivando várias outras sociedades a colocarem em destaque problemas de saúde, associando-os com cores temáticas.

O Outubro Rosa teve origem nos Estados Unidos, onde havia ações isoladas relacionadas ao câncer de mama em vários estados e, posteriormente, com a aprovação do congresso americano, o mês de outubro tornou-se o mês nacional de prevenção ao câncer de mama.

Por que a cor rosa foi escolhida? 

Tudo começou com uma promessa…

Nos Estados Unidos, Nancy Brinker, após ter vivenciado a luta de sua irmã Susan G. Komen, que faleceu três anos após o diagnóstico do câncer de mama, criou a Fundação do Câncer de Mama Susan G. Komen, com a visão de livrar o mundo desse tipo de doença. Em 1986, foi celebrado o primeiro outubro como forma de conscientização. Já em 1991, a Fundação estabeleceu o laço rosa como símbolo nacional pela causa, distribuindo a todos os participantes da Corrida pela Cura de Nova York.

O objetivo da campanha é divulgar informações e fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde com foco em prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento da doença.

O câncer de mama é o que mais acomete as mulheres em todo o mundo. Dados do INCA – Instituto Nacional do Câncer – apontaram 66.280 novos casos de câncer de mama em 2021 aqui no Brasil, um risco de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. Infelizmente, também ocupa a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres. As maiores taxas de incidência e mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do país.

Mas qual seria a relação entre o câncer de mama e o cerébro ou a coluna vertebral ?

As estruturas do sistema nervoso podem apresentar tumores primários – aqueles originados de tecidos próprios do sistema nervoso – ou metástases – lesões com origem em outros tecidos do corpo. Apesar de qualquer câncer poder atingir o cérebro, existem alguns tipos com maior predisposição e, dentre eles, infelizmente, o câncer de mama é um dos mais comuns. Os tumores cerebrais metastáticos são cinco vezes mais comuns do que os tumores cerebrais primários!

Geralmente até um terço das pessoas com outros tipos de câncer podem desenvolver uma ou mais metástases cerebrais. O risco de metástase cerebrais começa a aumentar a partir dos 45 anos, com forte incidência após os 65 anos. O câncer de mama é o segundo tipo de câncer com maior incidência de desenvolvimento de metástases cerebrais, perdendo apenas para os tumores pulmonares.

Em pessoas que sabidamente possuem o diagnóstico de câncer de mama, mesmo que esteja sob controle ou remissão, o surgimento de qualquer tipo de sintoma neurológico – dores de cabeça, vômitos, alteração da sensibilidade e da força em um lado do corpo, alteração da linguagem, entre outros – ou dores na coluna exige um grau de atenção maior, com necessidade de exames diagnósticos para garantir que não se trata de uma manifestação da doença.

Apesar de hoje ser menos comum, ainda algumas pessoas podem apresentar como primeira manifestação do câncer de mama sintomas neurológicos como os descritos anteriormente. Durante a investigação, uma das possibilidades pode ser um tumor metastático mesmo que não existam outros lesões no restante do corpo. O tratamento inicial geralmente envolve a ressecção cirúrgica. O confirmação é feita por meio do resultado da biópsia. Caso o diagnóstico seja de tumor metastático de câncer de mama, a pessoa é encaminhada para tratamento complementar em conjunto com o oncologista e radioterapeuta, envolvendo usualmente quimioterapia e radioterapia.

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A cirurgia está sempre indicada? 

Em alguns casos, a depender das dimensões das lesões e da sua localização no cérebro, a cirurgia pode ser substituída por uma técnica chamada radiocirurgia, um tipo de radioterapia de alta intensidade com resultados comparáveis à cirurgia aberta e com menor incidência de efeitos colaterais como declínio cognitivo (piora da memória e raciocínio). Nas lesões que envolvem as vértebras da coluna, levando, às vezes, a quadros de fraturas patológicas, pode-se optar por uma técnica percutânea de infusão de uma espécie de cimento ósseo pra fortalecer a estrutura óssea, permitindo uma radioterapia com melhor perfil de segurança.

Outro aspecto interessante a ser apontado é que o próprio tratamento hoje disponibilizado para o câncer de mama pode apresentar efeitos colaterais que afetam o sistema nervoso. Por exemplo, a radioterapia utilizada na região do tórax pode, às vezes, afetar o plexo braquial – feixe de nervos responsáveis pela movimentação e sensibilidade dos membros superiores – causando perda de força do membro e muita dor, situação conhecida como lesão actínica. Esses sintomas podem ser controlados com medicamentos para controle de dor e neuromoduladores, sendo também indicado, em alguns casos, explorações cirúrgicas e, em casos refratários, o implante do neuroestimulador medular – uma espécie de “chip” na medula que bloqueia a transmissão dos impulsos dolorosos.

A quimioterapia, além dos tradicionais efeitos sistêmicos, pode levar a quadros de polineuropatias periféricas, situação em que pode haver perda de força e sensibilidade nas extremidades das mãos e pés associado à dor. A grande maioria costuma melhorar apenas com o ajuste dos medicamentos e introdução de medicamentos específicos para controle de dor, sendo o estimulador medular reservado para os casos refratários. 

Como evitar que nossos familiares ou amigos passem por situações como essa? 

Por meio da conscientização e levando a informação a um número cada vez maior de pessoas, reforçando o papel extremamente importante de realizar os exames para rastreio da doença. Logo, converse com seu médico ou com sua equipe do centro de saúde para avaliar se já é o momento de iniciar os exames de rastreio, e não deixe de perguntar às suas mães, irmãs e avós se elas tem feito o rastreio de forma adequada.

A mamografia de rotina é recomendada para as mulheres de 50 a 69 anos uma vez a cada dois anos segundo recomendação do Ministério da Saúde.

A detecção precoce e o inicio rápido do tratamento reduz o risco de acometimentos sistêmicos da doença. Ainda enquanto não há uma solução definitiva para erradicar essa doença, continuaremos na luta, com cuidado e carinho, seguindo a mesma bandeira da Nancy e da Susan na esperança por um mundo sem câncer de mama… 

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